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26 anos sem Ernest Mandel: legado atual

Na luta pelo marxismo vivo e radicalmente democrático, Mandel se torna cada vez mais atual

23 de julho de 2021

Gustavo Seferian. 20 de julho de 2021. 

São 26 anos sem Ernest Mandel. 

Militante e dirigente histórico da IV Internacional, dedicou em 72 anos de vida suas mais intensas energias à auto-organização dos oprimidos e oprimidas, à revolução socialista.

Organizou-se ainda adolescente. Aos 23 anos foi eleito para compor o Secretariado Internacional da IV, juventude que não o impediu de assumir posição de destaque enquanto dirigente e formulador político. Enfrentou o cárcere nazista, perseguições políticas e o degredo em parte significativa do mundo ocidental e oriental. Atuou como professor e articulista. Fundou a IIRF, em Amsterdam, importante centro de formação e crítica social. Teve parte nos principais eventos políticos da segunda metade do "breve século XX".  

Não foram poucas as polêmicas em que se viu envolto. Está muito longe de ser um heterodoxo, à nossa maior predileção. Muito pelo contrário. O apego rigoroso à obra de Marx o coloca em um Panteão teórico reivindicado por diversas linhagens marxistas, mesmo aquelas não afinadas com suas perspectivas políticas.

Sem qualquer desvio deificador, nossa reivindicação permanente ao legado de Mandel  passa por outras dimensões de rigor: aquele voltado à apreensão do real, à argúcia para compreensão dos processos sociais do mundo que lhe cercava, à abertura vivaz que sua obra, atravessada que deve ser - aos sabores do que Löwy propõe para o marxismo - por um dimensão crítica.

Dizemos isso por nos ter legado não só um olhar pulsante à obra e vida de Trotsky, profundas leituras da história econômica européia  e indispensáveis - e em larga medida ainda insuperáveis - lições sobre a crise capitalista. Mas sobretudo por nos servir com armas teóricas para o enfrentamento político ao fascismo, à estratégia reformista - cristalizadas em suas argutas linhas sobre o eurocomunismo e o estado social - e ao estalinismo, que nos dias de hoje tira a cabeça - ou meio corpo - das catacumbas da ignomínia. d

Mandel nos lança luzes a um porvir em que o planejamento radicalmente democrático e ecossocialista da produção e reprodução de nossas existências será concretizado. E que só o conduziremos revolucionariamente.

Por essas e outras, não cansamos de entoar: Ernest Mandel, sempre presente!

Gustavo Seferian é professor da Faculdade de Direito da UFMG, diretor do ANDES-SN e militante da Insurgência/PSOL.