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Antártida 40°C acima do normal, Ártico 30°C acima da média

Os processos de feedback no aquecimento estão se acelerando, multiplicando os eventos climáticos extremos e encurtando muito todos os prazos

21 de março de 2022

As ondas de calor que atingem os dois polos estão alarmando os cientistas. Este fim de semana a média de temperaturas nalguns locais da Antártida foi de 40 graus acima da média.

Esquerda.net, 21 de março de 2022

Uma vaga de calor sem precedentes nesta altura do ano atingiu a camada de gelo da parte oriental da Antártida, com os termómetros da estação Concordia a registarem uma temperatura de -12,2°C, ou seja, 40°C acima do normal.  Também a estação de Vostok, que em 1983 registou a temperatura mais baixa do planeta (-89,2°C), no fim de semana assistiu a temperaturas de -17,7°C, bem acima dos -53°C que são a média para o mês de março.

Mas ao mesmo tempo, as estações no Ártico também estão a registar temperaturas 30°C acima da média. Os cientistas do National Snow and Ice Data Center de Boulder, no Colorado, citados pela Associated Press, explicam as razões do espanto: "Estas são estações opostas. Não se vê o norte e o sul derreterem ao mesmo tempo”. O que é normal nesta altura do ano é o arrefecimento rápido da Antártida ao terminar o seu verão e a lenta subida de temperatura no Ártico com os dias mais longos.

Para o diretor do Earth System Science Centre da Pennsylvania State University, ”o aquecimento do Ártico e da Antártida é motivo de preocupação, e o aumento de eventos climáticos extremos - dos quais estes são um exemplo - é também motivo de preocupação". Michael Mann acrescentou ao Guardian(link is external) que os modelos científicos “têm feito um bom trabalho ao projetar o aquecimento global, mas temos argumentado que os eventos extremos estão a exceder as projeções dos modelos. Estes eventos levam à urgência de ação”, conclui.

Para outro académico especialista em alterações climáticas da University College London, Mark Maslin, estas temperaturas recorde no Ártico são a prova de que “entrámos numa nova fase extrema de alterações do clima muito antes do que esperávamos".