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Ataques a Tamy: Transfobia não, paternidade sim.

Ator tem sido vítima de agressões transfóbicas e de fake news. Toda nossa solidariedade!

30 de julho de 2020

Insurgência Babadeira

Após ter sido convidado para uma campanha publicitária da empresa Natura sobre os Dia dos Pais, o ator Thammy Miranda tem sido vítima de fake news nas redes sociais e sofrido ataques transfóbicos. O discurso do ódio, armado pela desinformação, questiona a paternidade de Thammy por ser um homem trans, estremecendo uma suposta “normalidade” cisgênera na sociedade, que coloca as identidades cis como regra. Thammy é acusado de “perverter” e “destruir” a instituição da “família brasileira”, apenas porque é um homem trans e por ter feito filmes pornográficos nos anos 90.

A transfobia dos ataques contra Thammy fica ainda mais explícita porque seus detratores fazem vistas grossas aos problemas reais que envolvem milhões de homens no Brasil: o abandono paterno, a violência de homens contra as mães de seus filhos, processos de alienação parental sustentados pela desqualificação misógina das mulheres, o não pagamento de pensão ou outros benefícios, a displicência dos homens no suporte emocional e na educação de seus filhos. Todos esses são processos que expressam uma masculinidade altamente problemática e os efeitos perversos do machismo.

Enquanto Thammy sofre ataques de ódio, a Natura lucra.

A empresa, que apenas fez uma defesa tímida do convite feito ao ator, teve o crescimento de aproximadamente 6,73% nas suas ações na Ibovespa desde quando a campanha foi anunciada. É fundamental lembrar que a Natura foi apoiadora do ministro Ricardo Salles até recentemente e está envolvida em denúncias de diversos crimes ambientais. Além disso, são conhecidos os processos de apropriação indevida dos saberes tradicionais dos erveiros e erveiras, em especial do norte do país, por parte da Natura.

Como LGBTIs ecossocialistas, entendemos que nossa tarefa é denunciar a transfobia sofrida por Thammy e nos solidarizarmos a ele. No entanto, não podemos esquecer de explicitar a instrumentalização das empresas dos corpos LGBTI, através do pink money. Queremos ver nossos corpos livremente representados e não como formas de apagamento da exploração do meio ambiente, privatização dos saberes tradicionais e patrimônios genéticos da biodiversidade brasileira.

Esse episódio não só revela a hipocrisia da sociedade brasileira como também reforça sua transfobia. O Brasil, há mais de uma década, é o país que mais mata transsexuais no mundo. Por isso, a Insurgência declara toda a nossa solidariedade às pessoas trans e às suas lutas, e reafirma a importância da construção de parentalidades livres, novos modelos de família e contra toda forma de opressão e violência cissexista.

Transfobia não, paternidade sim!

* Insurgência Babadeira é o setorial LGBTI da Insurgência.