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Bilionários norte-americanos enriqueceram 45% em 2020

26 de março de 2021

Num ano em que os EUA assistiram a números recorde de novos desempregados, a riqueza dos bilionários disparou quase 45%, cerca de 1.3 biliões de dólares. No caso do patrão da Amazon, Jeff Bezos, esse aumento foi de 7 milhões de dólares a cada hora do ano de 2020, 65 mil milhões no total. “São sobretudo os donos de empresas que se beneficiaram das condições da pandemia por terem basicamente a sua concorrência com portas fechadas”, disse ao Democracy Now o autor deste relatório conjunto do Institute for Policy Studies e da Americans for Tax Fairness, com base nos dados disponibilizados pela revista Forbes.

Esquerda.net, 26 de março de 2021

O relatório identificou um grupo de 50 bilionários cuja riqueza mais do que duplicou no ano passado. Do comércio online à telemedicina, a maior parte dos setores que beneficiaram do confinamento são os que não dependeram de lojas físicas para o seu negócio. No seu conjunto, este grupo de 657 bilionários detém 4.2 biliões de dólares, o que corresponde ao total da riqueza da metade inferior da população do país em termos de rendimento.

Chuck Collins adiantou que está em preparação um relatório sobre o panorama global. A riqueza dos atuais 2.350 bilionários do planeta aumentou 4 biliões de dólares no ano passado, formando um total de 12 biliões. “Se se aplicasse uma espécie de imposto Warren aos bilionários a nível global, em apenas um ano arrecadar-se-ia 350 mil milhões de dólares. Calcula-se que custe 140 mil milhões vacinar todo o planeta, segundo a Oxfam”, diz o autor deste relatório.

Nas últimas semanas, duas figuras de peso entre os Democratas no Senado norte-americano e candidatos às primárias nas presidenciais do ano passado, Elizabeth Warren e Bernie Sanders, têm insistido na necessidade de um imposto sobre os ultramilionários, com riqueza superior a 50 milhões. Numa audição realizada na semana passada sobre a crise da desigualdade, Sanders disse que era preciso perceber “como é que a décima parte superior dos 1% mais ricos no país detém agora mais riqueza do que os 90% de baixo e apenas duas pessoas, Jeff Bezos e Elon Musk, têm agora mais riqueza do que os 40% de baixo. E enquanto isso, estamos a assistir a mais fome nos EUA do que em qualquer altura das últimas décadas”.

Em termos de valor absoluto de aumento das fortunas entre os 15 mais ricos do país, os três mais beneficiados foram Elon Musk (dono da Tesla, mais 137.5 mil milhões, 559% de aumento), Jeff Bezos (dono da Amazon, mais 65 mil milhões, 58% de aumento) e Mark Zuckerberg (dono do Facebook, mais 47 mil milhões, 86% de aumento).


Se olharmos apenas para a percentagem de aumento da riqueza em ano de pandemia, deste trio apenas Musk aparece - em quarto lugar - na lista dos 10 bilionários que mais viram a sua fortuna aumentar em termos percentuais. Ela é liderada por Bom Kim (dono da Coupang, a “Amazon sul-coreana”, mais 7.7 mil milhões, 670% de aumento), Dan Gilbert (dono da Quicker Loans, empresa de empréstimos hipotecários online, mais 41.7 mil milhões, 642% de aumento) e Ernest Garcia II (dono da Carvana, stand automóvel online, maos 13.6 mil milhões, 567% de aumento). A lista inclui ainda os donos da Coinbase (câmbio de criptomoedas), das redes sociais Twitter e Snapchat e do serviço de streaming Roku, além da empresa de publicidade online The Trade Desk.

São os empresários das indústrias tecnológicas que em conjunto saem vencedores do primeiro ano de pandemia, representando 1.4 biliões ou um terço da riqueza atual do conjunto de bilionários. Os tubarões da finança de Wall Street também viram aumentar em 37% a sua riqueza e os do setor automóvel em 337%, embora neste caso “à boleia” do fundador da Tesla, cujo aumento da riqueza representa 80% deste conjunto.