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Campinas: Élice e Pérola lançam pré-candidatura coletiva

A Bancada de Quebrada é uma aposta política na coletividade e na força da juventude negra e periférica para construir um outro futuro

19 de agosto de 2020

Manifesto Mulheres Negras do Poder

Ousamos sonhar outro futuro, no qual se abrem as possibilidades de vida livre, feliz, integrada com a natureza, fundada nos interesses coletivos e na democracia real. A política de Campinas virou terra arrasada, com mais de 32 mil postos de trabalho fechados e cerca de 900 mortes pelo coronavírus até o momento, e cabe a nós reconstruir esse lugar. Agir agora é mais do que necessário, é pela nossa sobrevivência.

Campinas teve em seus mais de 200 anos de história apenas 15 mulheres vereadoras. Precisamos ocupar o espaço controlado há tanto tempo por homens, brancos, herdeiros, latifundiários e endinheirados que só legislam em causa própria. A esperança e o destino das pessoas não podem ser reféns da ganância de poucos que se acham donos do poder. Nós somos a maioria e estamos unidas em torno de ideias, sonhos e lutas.

Somos campineiras, mulheres, periféricas, mães, famílias, negras e negros, trabalhadoras, jovens, ativistas de muitas causas. Viemos das periferias e favelas, dos centros urbanos, das zonas rurais, de quilombos de ontem e de hoje, de movimentos populares, praças, rodas culturais e salas de aula. Compartilhamos a disposição de construir outra política: radicalmente democrática, diversa, baseada no cuidado e no afeto, no fazer coletivo e na solidariedade.

Essa outra política possível já está sendo praticada nos nossos territórios, coletivos, movimentos e ações. Nesses espaços, lutamos todo dia contra a desigualdade social, com experiências de participação, transparência e abertura que precisam se expandir para toda Campinas. Estamos aqui porque nossas vidas importam. Não queremos morrer nem de vírus, nem de fome, nem de tiro. A todo momento, corpos negros, de mulheres e LGBTs são vítimas de brutal preconceito, violência, intolerância e agora de Covid-19. Chega! São nossos corpos as principais vítimas do coronavírus! É tempo de cuidar dos nossos corpos políticos!

O crescimento absurdo da violência em Campinas, aliás, comprova que não adianta investir em mais armas e repressão militar. Chega! Defendemos uma política de segurança cidadã para proteger nossas vidas e comunidades, com respeito aos direitos humanos. Queremos outra política de drogas. A chamada “guerra às drogas” é um fracasso miserável e só produz violência, extermínio das juventudes, racismo estrutural e proliferação de máfias e facções. É urgente sair da lógica da criminalização para atuar na perspectiva do cuidado.

O modelo econômico dominante — colonialista e predatório – é também injusto e insuportável, a ponto de apenas cinco homens acumularem mais riqueza do que a metade mais pobre da população brasileira. Esse modelo envenena, desmata, polui, destrói, mata e faz sofrer.

Queremos um novo sistema de comunicação para Campinas que permita que todas as pessoas participem do debate público através de rádios e tevês públicas, populares e comunitárias, além de Internet com garantia de acesso, liberdade de expressão, privacidade e respeito. Somos muitas e diversas.

Já passou da hora de equilibrar as contas, para que os pobres, a classe média e os ricos contribuam com impostos de acordo com as suas capacidades. É inaceitável tanta desigualdade! É urgente fortalecer economias solidárias, de base comunitária e popular. Agroecologia, coleta e reciclagem de lixo, produção energética renovável, cooperativas produtivas, empreendimentos autônomos nas periferias da nossa cidade e tantas outras possibilidades já fazem parte dessa agenda comum.

Confiamos no poder da arte que liberta e transforma realidades. A cultura constitui nossas formas de vida e atravessa todas as lutas. Está nas rodas, na praça, quilombos, favelas, teatros, ruas, blocos de carnaval, saraus de poesia. Cultura salva vidas e não é caso de polícia. Viva a arte livre! Censura nunca mais!

A política não pode ser monopólio de ninguém. Somos trabalhadoras, professoras, lideranças comunitárias e ativistas que construímos no cotidiano uma afinidade com o PSOL e com outros movimentos sociais. Nossos sonhos não cabem nas urnas, por isso somos amplos e plurais e construímos a política todo dia, com aliados e parcerias diversas.

Somos nós, mulheres negras periféricas, que nas palavras de Marielle Franco, temos a potência de criatividade, inventividade e superações de nossas condições, nas formas de vida e nas organizações sociais em nossos territórios e alcançamos, em nossos múltiplos fazeres, a centralidade na cidade. Propomos uma Campinas pensada pelas cabeças que pensam a partir dos pés que pisam na Quebrada!

Não estamos aqui para perder. Nossa luta é ancestral e nossas vitórias anunciam uma nova sociedade. Estamos aqui por Laudelina, Elesbão, Eliezer, Marielle, Zumbi dos Palmares, Tia Ciata, Paulo Freire, Solano Trindade. Estamos aqui por Jordy Moura, Ágatha Félix, Miguel Otávio e João Pedro. Estamos aqui com e pelos nossos, pelos que vieram antes e pelos que ainda virão!

Estamos em marcha e Venceremos! Temos direito ao presente e o futuro é nosso!

Somos a Bancada de Quebrada e queremos Mulheres Negras no Poder!

Perfil

Pérola tem 22 anos é cria de quebrada do Jd. São José no eixo Stos Dumont, estudante cotista de pedagogia e educadora social, capoeirista e esportista. Cresceu dentro dos movimentos da cultura popular brasileira e atua no Quilombo Iris de Jesus e no Ponto de Cultura Instituto de Pernas pro Ar. Também militante feminista e LGBTQIA+, atuando no Rua Juventude AntiCapitalista e no De Quebrada!

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Élice Botelho tem 27 anos, nasceu e mora na região Ouro Verde, formada em Gestão Ambiental pela USP, militante ecossocialista, da juventude, antirracista, feminista, e anticapitalista. Atua no Quilombo Íris de Jesus, RUA - Juventude Anticapitalista, De Quebrada e no Movimento Negro Unificado.

 

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