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Crise se agrava, Bolsonaro dobra a aposta: Às ruas no 7 de setembro!

É preciso construir a maior mobilização até aqui em todo o Brasil, trazendo o máximo de setores para aderirem ao contragolpe com unidade na ação pela Frente Fora Bolsonaro.

1 de setembro de 2021

Editorial da Insurgência, tendência interna do PSOL. 01 de setembro de 2021.

Nos últimos dias, o debate sobre o retorno às ruas da extrema-direita e da esquerda neste 7 de setembro tem ganhado visibilidade e gerado preocupação: as ameaças golpistas, envolvimento de militares e forças policiais aderindo às mobilizações, têm colocado as comemorações militares do dia que historicamente  foi marcado por desfiles e cerimônias protocolares se tornar ponto de inflexão e teste de resistência contra o golpismo. 

Por outro lado, os atos de maio em defesa das vidas negras e a derrocada de mobilizações nacionais pelo impeachment, vacina e comida no prato impuseram novos caracteres de mobilização real à esquerda, a volta às ruas se tornou inevitável e urgente. A campanha Fora Bolsonaro, em especial a Frente Povo Sem Medo, Brasil Popular e a Coalizão Negra por Direitos tem somado esforços na importante unidade nas ruas. É chegado o momento de medir forças.

Disputa intra burguesa

Bolsonaro tem atuado em uma movimentação dupla: de um lado a agenda reacionária,  apostando no negacionismo, no boicote às vacinas, na campanha pelo voto impresso e defesas abertas de golpe ,e, de outro, uma agenda liberal passada na tratorada, com o aval do centrão de Arthur Lira e Ciro Nogueira - em especial o pacote de privatizações, esticaram uma manutenção do governo perante a câmara. 

Ao passo da dificuldade de aprovação na câmara de reformas prometidas no programa de governo, como a Administrativa, os anseios de Bolsonaro passam a ser tensionados por importantes setores da burguesia - não à toa O Estado de São Paulo se prontifica a manifestar contra ameaças democráticas e o “mercado” ameaça um desembarque mais uma vez. Se é virada ou um blefe de negociação, somente o tempo irá dizer. O fato é que carece à burguesia e a direita tradicional uma terceira via confiável, capaz de ser eleita e aplicar o seu programa. Moro, Mandetta e em especial João Dória já tentaram ser essa alternativa, mas seguem distantes e com tempo cada vez mais escasso.  Enquanto os primeiros dois praticamente sumiram, Dória tenta controlar os atos da capital paulista, e ser portavoz do anti-bolsonarismo de direita.  Outros setores burgueses seguem buscando domar Bolsonaro, seja através da CPI ou da prisão de golpistas, mas nada demonstra surtir efeito a longo prazo. Enquanto isso, Bolsonaro ainda tem espaço para o empresariado - setores relevantes do agronegócio, recentemente retratados como comédia trágica por Sérgio Reis, das transportadoras e da especulação, que  compram os delírios de Guedes e Jair. 

Disputa militar

Desde a recente troca dos comandos das forças armadas  chegando ao estopim de ter Bolsonaro mandando caças quebrarem os vidros do STF, na velocidade do som, (revelado pelo ex-ministro da defesa Raul Jungmann) cercam o debate da inserção das bases militares em dois pontos: 1 - O generalato tem tomado consistência em defender Jair e sua agenda, com parte relevante aos atos mas que ainda há menor aderência dentro dos quartéis, principalmente com militares de baixa patente; 2 - As polícias militares tem especial lugar em adesão ao bolsonarismo - suas bases armadas de milhares, centenas de milhares de cidadãos armados que em muito compram a política bolsonarista das fake news, política do atirar pra matar e da cliché “bandido bom é bandido morto” se tornam a contradição explícita do cenário conjuntural em que vivemos. Os militares reivindicam como nunca o 7 de setembro, a disputa da Avenida Paulista em São Paulo e da Esplanada dos Ministérios em Brasília, foi destaque onde retratada, essa mesma base militar é coagida a participar.  

Tomar as ruas pela democracia

Bolsonaro vê sua popularidade caindo. Cerca de 60% dos brasileiros já são favoráveis ao processo de impedimento segundo o PoderData, cresce substancialmente o desemprego - que praticamente atingiu 15 milhões, um recorde histórico e com muita preocupação a inflação tem aumentado quase chegando ao pico de 10%. Cenas como botijões de gás a muito mais que 100 reais são comuns, o retorno do fogo a lenha e da fome para milhares de brasileiros - do encarecimento dos produtos a partir da gasolina e da crise hídrica e de energia que promete aumentar ainda mais as contas revela cena de calamidade para os próximos meses. Tema a tomar relevância daqui pra frente.

Durante toda a pandemia os movimentos sociais na têm sido linha de frente à tal calamidade. A solidariedade ativa durante a quarentena foi e é front de resistência principalmente nas periferias, o mote “Nem bala, nem fome, nem covid” retrata, desde as mobilizações do movimento negro em 2020, como é aplicada a política de morte de Bolsonaro seja pelas operações policiais, pela politica economica, o negacionismo ou a devastação do meio-ambiente.  O acampamento Luta pela Vida, dos indígenas contra a aprovação do Marco Temporal na última semana, é a cena chave desse embate.

Nesse cenário, o Grito dos Excluídos toma nova conotação. A campanha Fora Bolsonaro decidiu aderir ao Grito e em unidade gritar por vida, pão e vacina. É hora de massificar o chamado para 7 de setembro. Crescer a ofensiva e o isolamento contra o bolsonarismo é imprescindível e a mobilização unitária no dia do Grito dos Excluídos ganha potencialidade na luta por comida no prato, emprego e direitos.

Se Bolsonaro dobra a aposta, seremos resistência.

É preciso tirá-lo antes de 2022, para isso, a mobilização insurgente em todo Brasil é mais do que urgente. 

Fora Bolsonaro! Todos às ruas no dia 7 de setembro!