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Graeber (1961-2020): a sociedade dos empregos de merda

Duas entrevistas do antropólogo libertário norte-americano, recentemente falecido, sobre seu último livro

5 de setembro de 2020

Como o capitalismo contemporâneo cria sem cessar ocupações inúteis, enquanto remunera muito mal as mais necessárias. Quais as alternativas? Garantia de trabalho? Ou Renda Cidadã Universal?

Eric Allen Been entrevista David Graeber, Vice/Outras palavras, 8 de junho de 2018; atualizado em 3 de setembro de 2020. Tradução: Antonio Martins

Há seis excelentes textos de David Graeber na biblioteca de Outras Palavras. Tratam das ocupações inúteis, da crise do capitalismo, do declínio da ciência econômica e da revolução curda em Kobane, onde há fortíssimo protagonismo de mulheres. Os artigos podem ser acessados aqui.

 

Em 1930, o economista britânico John Maynard Keynes previu que, no final do século 20, países como os Estados Unidos teriam – ou deveriam ter – jornadas de trabalho de 15 horas semanais. Por que? Em grande medida, a tecnologia tiraria de nossas mãos tarefas sem sentido. Claro, isso nunca ocorreu. Ao contrário, muitíssimas pessoas, em todo o mundo, estão submetidas a longas jornadas como advogados corporativos, consultores, operadores de telemarketing e outras ocupações.

Mas enquanto muitos de nós julgamos nossos trabalhos muito aborrecidos, algumas ocupações não fazem sentido algum, segundo o escritor anarquista David Graeber. Em seu novo livro, “Bullshit Jobs: A Theory” [“Trabalhos de Merda: Uma Teoria”], o autor argumenta que os seres humanos consomem suas vidas, muito frequentemente, em atividades assalariadas inúteis. Graeber, que nasceu nos EUA e que já havia escrito, entre outras obras, Dívida: Os Primeiros 5000 anos e The Utopia of Rules [ainda sem edição em português] é professor de Antropologia na London School of Economics e uma das vozes mais conhecidas do movimento Occupy Wall Street (atribui-se a ele a frase “Somos os 99%”).

A “Vice” encontrou-se há pouco com Graeber para conversar sobre o que ele define como “emprego de merda”; por que os trabalhos socialmente úteis são tão mal pagos, e como uma renda básica assegurada a todos poderia resolver esta enorme injustiça.

Em primeiro lugar, o que são empregos de merda e por que existem?

Basicamente, um emprego de merda é aquele cujo executor pensa secretamente que sua atividade ou é completamente sem sentido, ou não produz nada. E também considera que se aquele emprego desaparecesse, o mundo poderia inclusive converter-se num lugar melhor. Mas o trabalhador não pode admitir isso – daí o elemento de merda. Trata-se, portanto, em essência, de fingir que se está fazendo algo útil, só que não.

Uma série de fatores contribuiu para criar esta situação estranha. Um deles é a filosofia geral de que o trabalho – não importa qual – é sempre bom. Se há algo em que a esquerda e a direita clássicas frequentemente estão de acordo é no fato de ambas concordarem que mais empregos são uma solução para qualquer problema. Não se fala em “bons” trabalhos, que de fato signifiquem algo. Um conservador, para o qual precisamos reduzir impostos para estimular os “criadores de emprego”, não falará sobre que tipo de ocupações quer criar. Mas há também partidários da esquerda insistindo em como precisamos de mais ocupações para apoiar as famílias que trabalham duro. Mas e as famílias que desejam trabalhar moderadamente? Quem as apoiará?

Até mesmo os empregos de merda garantem a renda necessária para que as pessoas sobrevivam. No fim das contas, por que isso é ruim?

Mas a questão é: se a sociedade tem os meios para sustentar todo mundo – o que é verdade – por que insistimos em que os trabalhadores passem sua vida cavando e em seguida tapando buracos? Não faz muito sentido, certo? Em termos sociais, parece sadismo.

Em termos individuais, isso pode ser visto como uma boa troca. Mas, na verdade, as pessoas obrigadas a tais trabalhos estão em situação miserável. Podem considerar: “estou ganhando algo por nada”. Bem, as pessoas que recebem salários bons, muitas vezes de nível executivo, certamente de classe média, quase sempre passam o dia em jogos de computador ou atualizando seus perfis de Facebook. Quem sabe, atendendo o telefone duas vezes por dia. Deveriam estar felizes por ser malandros, certo? Mas não são.

As pessoas contratadas para tais trabalhos relatam, regularmente, que estão deprimidas. E se lamentarão, e praticarão bullying umas contra as outras, e se apavorarão com prazos finais porque são de fato muito raras. Porém, se pudessem buscar uma razão social no trabalho, uma boa parte de suas atividades desapareceria. As doenças psicossomáticas de que as pessoas padecem simplesmente somem, no momento em que elas precisam realizar uma tarefa real, ou em que se demitem e partem para um trabalho de verdade.

Segundo seu livro, a sociedade pressiona os jovens estudantes para buscar alguma experiência de emprego, com o único objetivo de ensiná-los a fingir que trabalham

É interessante. Chamo de trabalho real aquele em que o trabalhador realiza alguma coisa. Se você é estudante, trata-se de escrever. Preparar projetos. Se você é um estudante de Ciências, faz atividades de laboratório. Presta exames. É condicionado pelos resultados e precisa organizar sua atividade da maneira mais efetiva possível para chegar a eles.

Porém, os empregos oferecidos aos estudantes frequentemente implicam não fazer nada. Muitas vezes, são funções administrativas onde eles simplesmente rearranjam papéis o dia inteiro. Na verdade, estão sendo ensinados a não se queixar e a compreender que, assim que terminarem os estudos, não serão mais julgados pelos resultados – mas, essencialmente, pela habilidade em cumprir ordens.

E os empregos tecnológicos ou na mídia. Seriam, também, de merda?

Certamente. Por meio do Twitter, pedi às pessoas que me relatassem seus empregos mais sem sentido. Obtive centenas de respostas. Havia um rapaz, por exemplo, que desenhava bâners publicitários para páginas web. Disse que havia dados demonstrando que ninguém nunca clica nestes anúncios. Mas era preciso manipular os dados para “demonstrar” aos clientes que havia visualizações – para que as pessoas julgassem o trabalho importante.

Na mídia, há um exemplo interessante: revistas e jornais internos, para grandes corporações. Há bastante gente envolvida na produção deste material, que existe principalmente para que os executivos sintam-se bem a respeito de si próprios. Ninguém mais lê estas publicações.

A automação é vista, muitas vezes, como algo negativo. Você discorda deste ponto de vista, não?

Certamente. Não o compreendo. Por que não deveríamos eliminar os trabalhos desagradáveis? Em 1900 ou 1950, quando se imaginava o futuro, pensava-se: “As pessoas estarão trabalhando 15 horas por semana. É ótimo, porque os robôs farão o trabalho por nós”. Hoje, este futuro chegou e dizemos: ”Oh, não. Os robôs estão chegando para roubar nossos trabalhos”. Em parte, é porque não podemos mais imaginar o que faríamos conosco mesmo se tivéssemos um tempo razoável de lazer.

Como antropólogo, sei perfeitamente que tempo abundante de lazer não irá levar a maioria das pessoas à depressão. As pessoas encontram o que fazer. Apenas não sabemos que tipo de atividade seria, porque não temos tempo de lazer suficiente para imaginar.

Pergunto: por que as pessoas agem como se a perspectiva de eliminar o trabalho desnecessário fosse um problema? Deveríamos pensar que um sistema eficiente é aquele em que se pode dizer: “Bem, temos menos necessidade de trabalho. Vamos redistribuir o trabalho necessário de maneira equitativa”. Por que isso é difícil? Se as pessoas simplesmente assumem que é algo completamente impossível, parece-me claro que não estamos em um sistema eficiente.

Um dos pontos mais interessantes do livro são suas observações sobre como os empregos socialmente valiosos são quase sempre menos bem pagos que os empregos de merda.

Foi uma das coisas que, pessoalmente, mais me chocou na fase da pesquisa. Comecei a tentar descobrir se algum economista havia observado o fenômeno e tentado explicá-lo. Houve antecedentes, na verdade. Alguns eram economistas de esquerda; outros, não. Alguns eram totalmente mainstream.

Mas todos chegaram à mesma conclusão. Segundo eles, há uma tendência: quanto mais benefícios sociais um emprego produz, menor tende a ser a remuneração – e também a dignidade, o respeito e os benefícios. É curioso. Há poucas exceções e não são tão excepcionais como se poderia pensar. Os médicos, é claro, são um caso notório: é evidente que são pagos com justiça e oferecem benefícios sociais.

Porém, há um argumento recorrente: “Não seria bom que pessoas interessadas apenas em dinheiro ensinassem as crianças. Não se deve pagar demais aos professores. Se o fizéssemos, teríamos gente gananciosa na profissão, em vez de professores que se sacrificam”. Há também a ideia de que se um trabalhador sabe que sua atividade produz benefícios, isso pode ser o bastante. “Como, você quer dinheiro, além de tudo?” As pessoas tendem a discriminar qualquer um que tenha escolhido um emprego altruísta, sacrificante ou apenas útil.

Aparentemente, você é pouco favorável à ideia de garantia de trabalho, defendida entre outros por Bernie Sanders [candidato de esquerda à presidência dos EUA], por preferir a garantia de renda cidadã.

Sim. Sou alguém que não quer criar mais burocracia e mais empregos de merda. Há um debate sobre garantia de trabalho – que Sanders, de fato, propõe, nos EUA. Significa que os governos deveriam assegurar que todos tenham acesso ao menos a algum tipo de trabalho. Mas a ideia por trás da renda universal da cidadania é outra: simplesmente assegurar às pessoas meios suficientes para viver com dignidade. Além desse patamar, cada um pode definir quanto mais deseja.

Acredito que a garantia de trabalho certamente criaria mais empregos de merda. Historicamente, é o que sempre acontece. E por que deveríamos querer que os governos decidissem o que podemos fazer? Liberdade implica em nossa capacidade de decidir por nós mesmos o que queremos e como queremos contribuir para a sociedade. Mas vivemos como se tivéssemos nos condicionado a pensar que, embora vejamos na liberdade o valor mais alto, na verdade não a desejamos. A renda básica da cidadania ajudaria a garantir exatamente isso. Não seria ótimo dizer: “Você não tem mais que se preocupar com a sobrevivência. Vá e decida o que quer fazer consigo mesmo”?

Mas todos chegaram à mesma conclusão. Segundo eles, há uma tendência: quanto mais benefícios sociais um emprego produz, menor tende a ser a remuneração – e também a dignidade, o respeito e os benefícios. É curioso. Há poucas exceções e não são tão excepcionais como se poderia pensar. Os médicos, é claro, são um caso notório: é evidente que são pagos com justiça e oferecem benefícios sociais.

Porém, há um argumento recorrente: “Não seria bom que pessoas interessadas apenas em dinheiro ensinassem as crianças. Não se deve pagar demais aos professores. Se o fizéssemos, teríamos gente gananciosa na profissão, em vez de professores que se sacrificam”. Há também a ideia de que se um trabalhador sabe que sua atividade produz benefícios, isso pode ser o bastante. “Como, você quer dinheiro, além de tudo?” As pessoas tendem a discriminar qualquer um que tenha escolhido um emprego altruísta, sacrificante ou apenas útil.

Aparentemente, você é pouco favorável à ideia de garantia de trabalho, defendida entre outros por Bernie Sanders [candidato de esquerda à presidência dos EUA], por preferir a garantia de renda cidadã.

Sim. Sou alguém que não quer criar mais burocracia e mais empregos de merda. Há um debate sobre garantia de trabalho – que Sanders, de fato, propõe, nos EUA. Significa que os governos deveriam assegurar que todos tenham acesso ao menos a algum tipo de trabalho. Mas a ideia por trás da renda universal da cidadania é outra: simplesmente assegurar às pessoas meios suficientes para viver com dignidade. Além desse patamar, cada um pode definir quanto mais deseja.

Acredito que a garantia de trabalho certamente criaria mais empregos de merda. Historicamente, é o que sempre acontece. E por que deveríamos querer que os governos decidissem o que podemos fazer? Liberdade implica em nossa capacidade de decidir por nós mesmos o que queremos e como queremos contribuir para a sociedade. Mas vivemos como se tivéssemos nos condicionado a pensar que, embora vejamos na liberdade o valor mais alto, na verdade não a desejamos. A renda básica da cidadania ajudaria a garantir exatamente isso. Não seria ótimo dizer: “Você não tem mais que se preocupar com a sobrevivência. Vá e decisa o que quer fazer consigo mesmo”?


Anarquista, antropólogo e professor no Colégio Goldsmith da Universidade de Londres . Anteriormente foi professor associado na Universidade de Yale. Graeber participa ativamente em movimentos sociais e políticos, protestanto contra o Fórum Econômico Mundial de 2002 e o movimento Occupy Wall Street. Ele é membro do Industrial Workers of the World e faz parte do comite da Organização Internacional para uma Sociedade Participativa (em inglês: International Organization for a Participatory Society)

Graeber: Pandemia expõe a Era dos Empregos de Merda

David Graeber em entrevista a Von Lars Weisbrod, no Zeit Online. Reproduzido de Outras palavras. Tradução: Simone Paz

Agora, bilhões descobrem que podem trabalhar em casa, sem os controles burocráticos de sempre. Jornada poderia ser reduzida drasticamente, em relações pós-capitalistas. Mas haverá imensa pressão para que tudo volte ao “normal”. Será que o Occupy Home Office vai chegar ao Occupy Wall Street? Um telefonema com o antropólogo e crítico do capitalismo, David Graeber, que se encontra em Londres e que acredita que nossa vida laboral e nosso sistema econômico nunca mais serão os mesmos depois da crise do coronavírus.

Zeit Online: Senhor Graeber, de repente, fazer home office se tornou possível e os caixas dos supermercados passaram a ser sistematicamente relevantes. Será que a crise do corona está virando nosso mundo laboral de cabeça pra baixo pra sempre?

David Graeber: Aqui, na Grã Bretanha, o governo listou uma seleção das profissões sistematicamente relevantes — aqueles que trabalham nesses cargos e que podem continuar enviando seus filhos à escola, para serem cuidados. A lista chama a atenção pela incrível ausência de consultores de gestão e de administradores de fundos de investimento! Aqueles que mais ganham dinheiro, nem aparecem. A regra básica é: quanto mais útil é o trabalho, pior ele é pago. Uma exceção são, obviamente, os médicos. Mas mesmo assim você poderia argumentar: no tocante à saúde, a equipe de limpeza nos hospitais contribui tanto quanto os médicos, e grande parte do progresso nos últimos 150 anos veio de uma melhor higiene.

Na França, os empregados dos supermercados — que são, especificamente, os mais expostos — agora recebem um pagamento extra, graças a uma medida do governo. Os mercados não conseguem regular isso sozinhos…

É porque o mercado não é tão baseado assim na oferta e demanda, como sempre nos disseram: quem faz e em qual quantidade é uma questão de poder político. A crise atual deixa ainda mais claro que meu salário não depende de quão útil é a minha profissão.

Essa é a questão que você trabalha em seu livro Bullshit Jobs [“Empregos de Merda”, em livre tradução]: muitos dos trabalhos essenciais são mal pagos, enquanto funcionários bem remunerados costumam questionar se seus trabalhos em escritórios fazem algum sentido ou se eles estão apenas fazendo um “trabalho de merda”.

O que eu considero importante é: que eu nunca pensaria em contradizer uma pessoa que sente que realiza uma contribuição importante com seu trabalho. Porém, em meu livro, eu dei voz a pessoas que não sentem isso: pessoas que, às vezes, estão profundamente frustradas porque gostariam de contribuir com o bem coletivo. Mas, para conseguir o dinheiro que precisam para sustentar suas famílias, precisam realizar trabalhos que não servem para qualquer um. As pessoas me contavam: “eu trabalhava como professor de pré-escola, era um trabalho incrível, importante e que me fazia sentir realizado, mas com o qual eu não conseguia pagar minhas contas. E agora trabalho para algum sub-empresário que fornece informações sobre seguros de saúde. Codifico alguns formulários o dia todo, ninguém lê meus relatórios, mas ganho vinte vezes mais”.

O que acontece com esses funcionários de escritório que estão em seus empregos de merda, mas agora a partir de suas casas, por causa do coronavírus?

Algumas pessoas entram em contato comigo e me falam: eu sempre desconfiei que pudesse fazer meu trabalho em duas horas semanais, mas agora percebo que realmente é assim. Porque assim que você passa a trabalhar em casa, as reuniões que não agregam nada, por exemplo, geralmente já não são mais feitas.

Depois da crise financeira de 2008, você se envolveu com o movimento de protesto Occupy Wall Street, incluindo ativistas que passaram a ocupar um parque perto da Bolsa de Nova York. A crise do coronavírus poderia produzir um movimento de esquerda semelhante? Um Occupy Home Office?

Se acontecer, o mote será algo como: ocupe o apartamento em que você mora e não pague mais o aluguel. Agora, fala-se muito nas greves de aluguéis, porque as pessoas não conseguem mais pagar o aluguel, devido à crise do coronavírus. E o verdadeiro ponto é dar suporte aos trabalhadores mais importantes, sistematicamente, e que não receberam o equipamento necessário para realizar seu trabalho com segurança. É de nosso interesse que os trabalhadores da saúde e os entregadores de delivery tenham equipamentos de proteção.

Ao mesmo tempo, nesta crise aprendemos com muita clareza o papel central do trabalho para nossa sociedade: não interessa a quantidade de lugares que as pessoas deixam de visitar, elas sempre deverão continuar trabalhando.

Você percebe isso nas restrições no transporte público: se você o fecha, primeiro aos fins de semana, você não poderá mais ir ao parque. Mas Deus não permite que você não possa mais trabalhar! Embora tenhamos percebido há tempos que grande parte do trabalho não precise ser realizado no escritório.

Isso seria, na realidade, uma visão da situação atual, certo?

Sim. A única questão é: quando a crise acabar, as pessoas vão fingir que foi só um sonho? Situações semelhantes foram observadas após a crise de 2008. Por algumas semanas, todo mundo dizia “oh! tudo o que pensávamos que era verdade não é!”. Questões fundamentais finalmente surgiram: o que é o dinheiro? o que são dívidas? Mas, em algum momento, você, do nada, decide: “Chega disso por ora. Vamos fingir que nada aconteceu. Vamos refazer tudo de novo do mesmo jeito!” E a política neoliberal e o setor financeiro continuaram. É por isso que é tão importante que não esqueçamos daquilo que finalmente admitimos para nós mesmos em tempos de crise — por exemplo, quais empregos são sistemicamente importantes e quais não.