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Mario Barretto: Os desafios do PSOL

Presidente do PSOL Fluminense analisa o prognóstico político para a unidade da esquerda e a construção do partido como ferramenta

21 de fevereiro de 2022

21 de fevereiro de 2022. Trascrição por Fernanda Lacombe, revisão de Daniel Lopes.

*Na segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022, o presidente do PSOL-RJ e militante da Insurgência, Mário Barretto, concedeu uma entrevista ao programa Faixa Livre, da rádio Bandeirantes, comandado pelo jornalista Anderson Gomes. Ao longo da entrevista foram abordadas as questões das eleições presidenciais de 2022, as semelhanças e diferenças entre as alianças a nível federal e no âmbito do estado do Rio de Janeiro, assim como o debate em torno da constituição de federações eleitorais. Reproduzimos abaixo um resumo das falas do companheiro Mário.

FAIXA LIVRE: O PSOL assumiu uma posição favorável à frente única de esquerda, estabelece alguns pontos programáticos; essa frente única de esquerda, evidentemente, tem no nome do Lula, uma referência importante, mas, pelo andar da carruagem, Mário, o que a gente observa é que o Lula, sob o ponto de vista programático, parece estar muito distante das preocupações do psol. Como é que você, como dirigente do psol aqui do Rio, vê essa situação?

MÁRIO BARRETTO: Bom, Paulo, primeiramente, a gente ainda tem um longo caminho de agora até a formalização das chapas eleitorais no início de agosto. Então é normal, que, nesse momento, existam uma série de debates na imprensa, do conjunto dos envolvidos na tática eleitoral. A nossa leitura é de que vivemos ainda na esteira do que foi o golpe parlamentar de 2016. E a partir de 2018 esse golpe parlamentar tomou um outro aspecto com o governo Bolsonaro, que é um governo com discurso fascista, mobilizando o ódio contra setores historicamente oprimidos, estimulando violência contra a população periférica, contra a população das favelas, no sentido de viabilizar um programa econômico de profunda retirada de direitos. Para além dos debates com relação à construção partidária, o que nós vemos é uma situação em que nós temos 633 mil mortos por covid que vem dos números oficiais, que sabemos estarem defasados pela própria sabotagem do Ministério da Saúde, com 20% da nossa população em situação de insegurança alimentar, com 55 milhões de pessoa e como uma política de ódio cada vez mais crescente que se expressa no que a gente vê todo dia em termo de violência policial e em termos de violência contra a população negra, contra a população LGBTQIA+, contra as mulheres, os casos crescentes de feminicídio. Do nosso ponto de vista, o PSOL mantém seu programa, seu programa fundacional, que é a da gente ter, estruturalmente, reformas à esquerda, estruturalmente um pacote de reivindicações de direitos para a classe trabalhadora. Mas nós temos que reconhecer, hoje, que a situação do conjunto da classe trabalhadora é uma situação de um aumento de mortes, por covid, por violência, por fome, que a esquerda não pode entrar no processo eleitoral com o que é sua tática tradicional. Se fala de novo normal com relação ao pós-pandemia, mas nós temos hoje um novo normal em termos do que é o genocídio contra as parcelas mais vulneráveis da classe trabalhadora. A esquerda que pretende construir um programa de direitos para a classe trabalhadora, antes precisa reconhecer que a tarefa central que nos é colocada é a tarefa da derrota do Bolsonaro e do Bolsonarismo e isso tem que se expressar no conjunto da tática eleitoral, por isso o psol se mantém no diálogo com o conjunto dos partidos de esquerda, a nível nacional e a nível estadual, não numa construção de uma unidade de esquerda despolitizada, obviamente, mas a construção de debates em torno de um determinados número de pontos programáticos, que possam se expressar no processo eleitoral, embora a gente saiba que construção de qualquer unidade não é construção que expresse por inteiro o programa de um partido. Nessa perspectiva o psol manterá a sua independência, manterá a sua autonomia, o PSOL, por exemplo, não pretende entrar na federação que tá sendo discutida pelo PT, pelo PSB, então de forma alguma o PSOL  se diluirá em qualquer construção de unidade, mas de forma alguma o PSOL não cairá no descrédito frente à classe trabalhadora, tão atacada nesse momento, negando a possibilidade de unidade eleitoral na derrota do Bolsonaro.

FL: Agora, sob o ponto de vista eleitoral, me parece claro que o nome mais capacitado pra derrotar Bolsonaro é o de Lula, não há dúvida disso. Pelo que eu acompanhei na grande imprensa, o PSOL deliberou alguns pontos programáticos, incluindo a revogação das reformas trabalhista e previdenciária, a revogação do teto de gastos, entre outros pontos importantes que me parecem, o Lula não se compromete plenamente. Existe alguma discussão dentro do PSOL em como se comportar frente a uma situação onde o Lula não se comprometa com esses pontos e, além de tudo, se consolide a sua candidatura com alianças à direita?

MB: A gente terá nos próximos meses os espaços deliberativos internos que, inclusive, darão encaminhamentos com relação às chapas. Do ponto de vista da construção da chapa do Lula, nós temos nos expressado publicamente, inclusive, que nós identificamos as limitações do que tem sido construído, vide a nossa crítica pública ao convite ao Alckmin para ocupar o cargo de vice-presidente e temos colocado no debate , e iremos ainda, colocar no debate, a partir de uma rodada de construção programática que faremos agora, no final do mês de fevereiro e início do mês de março, uma série de pontos de pauta para discutirmos formalmente, com o presidente Lula. No entanto, tem sinalizações que nós avaliamos serem positivas, como a sinalização da mudança da política de preços na Petrobrás, a sinalização da revogação da reforma trabalhista, são sinalizações que o PSOL avalia como importantes nesse momento, do conteúdo de um programa à esquerda. Qual a relação que o PSOL terá com o futuro governo Lula, isso é decorrente do que têm sido ou do que será a construção da campanha eleitoral, do que será o apontamento do governo. Nós falamos e continuaremos falando publicamente que achamos um equívoco construir uma chapa ou construir um governo que absorva os setores da direita tradicional brasileira. A gente avalia que isso pode gerar muitos problemas de governabilidade, acreditamos que existem as lições do golpe de 2016; ter um vice-presidente que é de um outro campo político pode levar ao que aconteceu, no caso, do Temer como vice-presidente da Dilma, que operou no sentido de um impeachment, mas, de toda forma, o psol manterá a sua independência política no processo eleitoral e pós-eleição e, estamos dialogando neste momento com os setores de esquerda, então neste momento não existe nenhuma conclusão ou chapa fechada ou acordo selado, mas estamos sendo muito sérios com relação à avaliação da conjuntura, dialogando com o PT e dialogando com o presidente Lula, que hoje é quem tem condições de derrotar o Bolsonaro nas urnas no final do ano.

FL: Agora, esse diálogo com o Lula de fato existe? Recentemente o Guilherme Boulos, que é o candidato do Psol lá em São Paulo, esteve com o Lula , mas, aparentemente, não discutiram nenhuma questão programática. Eu recentemente li também, um artigo do dirigente do PT, Walter Pomar, onde ele dizia que existem muitas discussões na grande imprensa a respeito das opções do Lula, inclusive a questão do Alckmin, mas ele surpreendentemente disse o seguinte, esse tema nunca foi debatido no diretório do PT, nem na executiva do PT. Então eu te pergunto: O PSOL tá em processo de negociação com o Lula, só que isso talvez retarde a definição do próprio quadro estadual. Como é que você, então, como presidente do PSOL Rio de Janeiro vê o quadro estadual? Vocês tiveram uma perda importante, que foi a do Marcelo Freixo, indo pro PSB e a tendência, tudo indica, seria vocês aqui apoiarem o Marcelo Freixo. Você confirma essa possibilidade?

MB: Primeiro, sobre o calendário de debates e das negociações de alianças. Diz-se que a política  no Brasil normalmente começa depois do carnaval, a pandemia impede que isso seja realizado com segurança. então acelerou-se as discussões. Mas as negociações stricto-sensu devem se iniciar depois do calendário de discussão das federações partidárias. Então existe muita pressão pública na imprensa, mas cabe saber ainda quais são os interlocutores. O PT tá discutindo uma federação partidária com o PSB, o PSOL tem discutido uma federação partidária com a Rede Sustentabilidade e com o PCdoB, então isso vai alterar o que são a correlação de forças entre as forças políticas e vai alterar qualquer acordo que esteja constituído. Então, por enquanto, os acordos que estão saindo na imprensa ou que estão sendo publicizados provavelmente vão sofrer impactos ou alterações a partir do mês de março com o fechamento das federações. Sobre o Rio de Janeiro: a nossa leitura é que o Rio de Janeiro vive uma situação mais grave do que a situação nacional. O Rio de Janeiro tem, hoje, um desemprego muito maior, o índice nacional é de 12.1%, o índice no Rio de Janeiro é de 15.9%; vive uma situação econômica calamitosa; o Rio de Janeiro é refém, hoje, do Palácio do Planalto, do ponto de vista da sua vida econômica, com o regime de recuperação fiscal que cobra uma dívida que o estado do Rio de Janeiro já pagou muitas vezes com a união, inclusive com juros, e que cobra a privatização das estruturas públicas do Rio de Janeiro, a exemplo da CEDAE. E vivemos uma situação, hoje, de uma política de segurança pública inexistente, que não seja pela violência policial. Inclusive, uma política de segurança pública permeável em interesses escusos, quando você olha pra dados em que as operações em área de tráfico são quatro vezes maiores do que as operações em área de milícia que hoje ocupam territorialmente, um espaço muito maior do estado do Rio de Janeiro. Então, nós olhamos para a situação do Rio de Janeiro e debatemos com o conjunto dos setores de esquerda. Então conversamos com o Marcelo Freixo, mas conversamos também com as lideranças do PT, do PSB, do PCdoB e do PDT,  inclusive, que tem hoje, uma candidatura própria, que é a candidatura do Rodrigo Neves, que tá colocada. Então a nossa discussão é a da constituição de uma unidade de esquerda no estado do Rio de Janeiro; nós não acreditamos que a direita do Rio de Janeiro tenha qualquer interesse, - a direita tradicional, não a direita bolsonarista - tenha qualquer interesse na construção de uma chapa eleitoral pro processo de 2022. Ela tá muito confortável com o governo de Cláudio de Castro, por inúmeros motivos, mas entre eles, pelo alívio que o governo Cláudio de Castro deu aos municípios, a venda da CEDAE repassou, pra capital do estado, 4 bilhões de reais, o que numa situação de crise é uma situação muito estabilizadora, então hoje nós temos defendido junto ao conjunto dos partidos que se forme uma chapa de unidade de esquerda e com um programa à esquerda. Então os diálogos são diálogos ainda iniciais, não são só diálogos, hoje, com o candidato Marcelo Freixo, mas são diálogos com o conjunto dos setores de esquerda do nosso estado. 

FL: Mas de alguma maneira, a candidatura do Marcelo Freixo não seria a galvanizadora destes partidos de esquerda que nós temos aqui no Rio?

MB: É, hoje é a mais competitiva no que tange às pesquisas eleitorais.Ela pode se colocar como a galvanizadora, mas como eu disse estamos no início dos diálogos, inclusive, temos que assistir o que vai ser a consolidação ou não da federação partidária que tá sendo construída pelo PT e pelo PSB, o que deve impactar a constituição da própria chapa do Marcelo Freixo no Rio. Desse ponto de vista, a gente tá disposto ao diálogo, mas não faremos movimentações, ou construiremos acordos, ou finalizaremos acordos antes de debate de constituição das federações partidárias. Mas você tá correto, é a candidatura mas competitiva nesse momento.

FL: Agora, Mário, como é que foi digerido, por vocês, a saída do Marcelo Freixo do PSOL? O arco de alianças que o Marcelo Freixo está procurando construir em torno do seu nome, já como parlamentar do PSB, me parece não ter contradições com a tática do PSOL. Agora, por outro lado, ontem o Ciro Gomes me faz uma acusação muito forte, contra o Marcelo Freixo. Algo que um dirigente do PSB, se não me engano, o próprio presidente do PSB, na semana passada, já andou apontando: que o Marcelo Freixo, na verdade, estaria fazendo um jogo do Lula, dentro do PSB. Quando eu olho a situação do PSOL aqui, me parece incompreensível as razões do Marcelo Freixo para largar o PSOL e ir pro PSB. Aí quando surge a acusação do Ciro Gomes, e a gente observa o comportamento do próprio Marcelo Freixo, defendendo posições do Lulismo, dentro do PSB, a pulga fica atrás da orelha. Como é que você viu essa saída do Marcelo Freixo, qual o significado disso?

MB: Olha, Paulo, desde 2018, dada a gravidade da conjuntura que se coloca, o PSOL estabeleceu como partidos com quem teria diálogo político os partidos que à época se encontravam na oposição aos governos Crivella, Witzel e Bolsonaro. Então, isso passa pelos partidos que eu já citei, PT, PSB, PDT, PCdoB, também passa pela REDE, pelo PV, pelo Cidadania. Hoje o arco de alianças que o Marcelo aponta construir é um arco de alianças que cabe dentro do que é esse arco de diálogo dentro do PSOL. Inclusive, nós tínhamos uma avaliação, obviamente diferente da do Marcelo Freixo na época que ele saiu do PSOL, de que no Rio de Janeiro, dado o conforto que a direita tradicional do estado tem com a extrema-direita, seria muito difícil, se não impossível, ter um arco de alianças que fosse mais amplo do que esse arco de alianças que o próprio PSOL se dispunha ao diálogo. Obviamente o Marcelo Freixo tinha uma caracterização diferente, tinha uma caracterização da possibilidade de ser atrativo para a direita tradicional do Rio, eleitoralmente, e isso justificou o seu deslocamento…

Se você fala de Rodrigo Maia e de Eduardo Paes você consegue acompanhar bem essa história. Mas a gente avalia que é muito difícil trazer o conjunto desses setores, então, a gente teve uma construção de quase 15 anos com o Marcelo Freixo, da qual nós temos muito orgulho, tenho certeza de que ele também, mas tínhamos uma diferença de avaliação que faz parte da política. E eu acho que a avaliação do PSOL tava correta, inclusive, me parece que a permanência no PSOL talvez fosse mais interessante pra montar uma chapa com o perfil atual porque, obviamente, não seria pautado pelo que são as correlações de forças internas de outros partidos de esquerda. Sobre a situação concreta do PSB e do PT, do PSB e da relação concreta do Marcelo com a candidatura do Lula, eu prefiro não comentar porque eu acho já, mais deselegante comentar a correlação de forças internas dos outros partidos. Mas eu acho que isso é decorrência de uma decisão equivocada, de sinalizar uma movimentação que buscasse a direita tradicional  isso é um erro de avaliação. A direita tradicional não participará de nenhuma chapa, nem de nenhuma composição com partidos de esquerda . Pode participar a nível nacional, mas a nível local não tem interesse. 

AG: Mário, em torno dessas articulações aí que você tá dizendo, existe aí a possibilidade de o PSOL lançar uma candidatura própria ao governo do estado. O jornalista Milton Temer lançou uma pré-candidatura dele para concorrer dentro do partido a essa nomeação pra um candidatura do PSOl própria. Como é que tão as articulações internas aí no partido em torno da possibilidade, do partido, do PSOL lançar uma candidatura própria ao governo do estado?

MB:  Bom, a gente veio, Anderson, de um congresso recente do partido onde aqui no Rio  se estabeleceu uma correlação de forças onde a vasta maioria do partido, cerca de 70% do partido, se empenham hoje no diálogo com o conjunto dos partidos de esquerda, ou seja, no diálogo que nós estamos mencionando aqui desde o início do programa, que passa pela candidatura do Marcelo Freixo, mas passa pelos outros partidos de esquerda. O Milton é um companheiro muito valoroso, muito respeitado dentro do PSOL; o lançamento da sua pré-candidatura reflete uma posição que existe dentro do partido. E reflete também críticas que são pertinentes com as que eu apresentei aqui  até o momento de que as sinalizações à centro-direita e da direita tradicional tem sido feitas pela candidatura mais competitiva do cenário eleitoral, que é a candidatura do Marcelo Freixo; essas sinalizações são inócuas e inclusive podem atrapalhar a formação ou a unidade dos partidos de esquerda no estado do Rio de Janeiro. Mas hoje, na avaliação da maioria do partido, é precipitada, pois ainda nos encontramos em diálogo com o conjunto dos outros partidos. É claro que, se mais à frente, ficar demonstrado que o PSOL não terá espaço para pautar o programa de uma candidatura de unidade de esquerda, que seja um programa que de fato mexa com elementos estruturais - o problema do Rio de Janeiro, ao contrário do que vem sendo dito não é um problema de gestão, é um problema estrutural, onde parcelas do estado são capturadas por interesses privados, muitas vezes interesses privados criminosos que demandam soluções estruturais e não soluções de gestão. A candidatura do Temer é plenamente compreensível no âmbito de que o debate público hoje é um debate que, na nossa opinião, é equivocado na direção da centro-direita. Essa discussão o PSOL vai fazer mais a frente, após a consolidação das federações partidárias, após novas rodadas de diálogo com o conjunto dos setores de esquerda. Hoje o PSOL não tem uma deliberação pela participação em nenhuma das chapas que tá colocada, mas tem dialogado com todas e é óbvio que, a depender do que seja os diálogos futuros, não tá descartado, inclusive, o debate de uma candidatura própria. Mas não é o centro da movimentação do PSOL nesse momento. O centro da movimentação do PSOL é o diálogo com o conjunto das forças de esquerda, mas é óbvio, que a pré-candidatura do Milton,é uma candidatura legítima, compreensível, mas não é a política majoritária do partido neste momento. 

FL: Mário, por fim, parece que é muito importante aí nessa trajetória de definições do PSOL, a possibilidade da montagem de uma federação. Você mencionou que há discussões tanto com a REDE sustentabilidade tanto com o PCdoB. Você pode adiantar alguma questão a respeito desse processo negocial?

MB: Olha, são debates que estão em curso, Paulo. A federação, ela é vertical, então é um debate que necessariamente é feito em âmbito nacional do partido e desce verticalmente pra construção do conjunto dos estados, mas obviamente, a nível regional também temos tido muito diálogo com o conjunto dos dois partidos, que são partidos que nós tivemos uma expressão pública muito próxima nos debates na câmara federal, nos debates nas instâncias legislativas. Hoje o PCdoB, inclusive, publicamente tem dialogado, também com a possibilidade da federação do PT e do PSB, não só no diálogo com o psol, e a rede tem debatido exclusivamente com o PSol o que nós levamos com muito respeito e muita seriedade. A tendência é a constituição, hoje, de uma federação, mas isso passa, obviamente, por soluções politicas que são soluções nacionais em termos de conseguir afirmar um programa comum entre o conjunto desses partidos. Então os debates tem avançado bem, em que pese uma das partes dessas discussão estar debatendo também com outra federação, a tendência é que isso se confirme e o psol costure uma federação, que nós avaliamos ser um instrumento democrático e importante, num cenário de cláusula de barreira que tende a asfixiar ainda mais o que são os partidos ideológicos, dado que a gente hoje já tem uma estrutura muito desigual da distribuição os recursos de televisão e estamos empenhados em conseguir construir uma federação hoje com esses dois partidos.

AG: E como ficam outras legendas à esquerda? Eu me recordo aqui, por exemplo, do  PSTU, do PCB e da UP. Há algum tipo de processo negocial sobre a possibilidade  de formação de uma federação também envolvendo essas três siglas?

MB: Olha, Paulo, com relação ao PSOL, não houve uma manifestação dessas três siglas de interesse de construção de uma federação com o PSOL. Então nós temos, por exemplo, aqui no Rio de Janeiro, uma excelente relação com o PCB, estivemos com o PCB em todos os últimos processos eleitorais, tivemos uma relação positiva com a UP nos últimos anos , mas não houve debate desse ponto de vista. Nós fomos procurados pela REDE e pelo PCdoB mas não por esses outros partidos.E me parece também que, hoje, esses partidos não tem demonstrado interesse em construir uma federação nesse momento. A UP por exemplo vai passar pelo seu primeiro processo eleitoral desde a sua fundação. Aparentemente não há debates nesse sentido, entre esses partidos, e com certeza não houve discussão com relação ao PSOL. 

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