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No 2 de outubro, fazer das ruas o campo de batalha

Chegou a hora de fazer das ruas o campo de batalha da política brasileira e colocar o povo como protagonista. Vamos fazer do dia 2 de outubro o maior ato pelo Fora Bolsonaro do Brasil, abrindo protestos gigantescos no 15 e 20 de novembro.
30 de setembro de 2021

Editorial da Executiva Nacional da Insurgência

O próximo dia 2 de outubro é imprescindível para a derrota de Bolsonaro. 

Vivemos uma crise nacional multifacetada, crise que não se divide em dois blocos sólidos ou simples polos. Desde 2016 e em particular agora, se expressa no país a disputa global intensa entre a opção de extrema direita, neofascista ou iliberal, de um lado – com profundas ligações com o trumpismo –  e os setores burgueses e de sua representação política neoliberais tradicionais, alinhados com o imperialismo sob Biden. E que fazem de tudo para que essa opção não seja Lula. Como essa terceira via ainda não existe, as disputas inter burguesas se aprofundam cada vez mais. 

A razão de ser do projeto bolsonarista (como dos neofascismos contemporâneos em geral) é a implantação rápida e sem resistências, sem mediação democrática, do programa de multiplicação dos lucros pela via da espoliação, despossessão, extermínio (necropolítica), privatizações generalizadas, submissão colonial aos ditames das finanças globais. Para esse setor do capital, a democracia burguesa já não é o modelo que viabiliza essa agenda.

O bolsonarismo prega e cogita seriamente o fechamento do STF, do Congresso; quer voto impresso para retomar o esquema dos currais e fraudes; o armamento de apoiadores, incluídas as milícias, a centralização das PMs nas mãos do Executivo federal etc etc. Incentiva um processo de esgarçamento permanente do sistema político, no sentido do aprofundamento do autoritarismo original do estado brasileiro. Disputa a cúpula das FFAA e a burguesia. Para isso, mantém vetores importantes a seu favor: cerca de 20 a 25% do eleitorado, ou seja, base popular e nas forças de segurança; uma parte da base mobilizável, que vai para a rua; o apoio da cúpula do  neopentecostalismo mais radicalizado; o apoio de grandes parcelas da classe média proprietária. E, muito importante, a própria pandemia, que dificulta as mobilizações. Um golpe não seria um evento; é um processo.

O movimento de massas avançou neste ano, mesmo se não conseguiu até agora força suficiente para incidir na crise dos de cima e impor a saída de Bolsonaro. Enquanto o conjunto das forças de resistência ao fascismo não se unificarem, o movimento de massas não será um elemento fundamental, decisivo. E, sem esse salto de qualidade, não se derrotará Bolsonaro nas ruas. É preciso construir de forma consciente a ampliação social e política do Fora Bolsonaro, incidindo nos setores mais amplos possíveis. É preciso que o polo da esquerda ampla - incorporando o protagonismo de Lula - esteja aberto à unidade mesmo com a direita arrependida (que rompeu com Bolsonaro). 

As movimentações da campanha e dos partidos de esquerda e centro-esquerda para ampliar o diálogo e trazer outros partidos e movimentos para uma oposição ativa ao Bolsonaro foram importantes. Precisamos construir mobilizações capazes de empurrar o Artur Lira de cima da pilha de pedidos de impeachment, ecoando as denúncias expostas na CPI da Pandemia, surpreendida pela colaboração entre o governo, a Prevent Senior e Paulo Guedes. Hoje a oposição tem 132 deputados e legendas de centro “independentes” 187. Precisamos de 342 deputados favoráveis à abertura do pedido de impeachment. 

Não se trata de passar por cima das diferenças para se construir a unidade, nem de abrir mão das nossas pautas. Mas de construir uma unidade de ação pontual, pela derrubada do Bolsonaro, em atos plurais, que permitam aos movimentos carregarem suas bandeiras e cartazes. Elas devem expressar a luta contra o aumento da inflação, a carestia e da fome; as lutas da juventude, dos trabalhadores e trabalhadoras; a luta feminista, lgbt, negra, indígena e periférica.

Chegou a hora de fazer das ruas o campo de batalha da política brasileira e colocar o povo como protagonista. Vamos fazer do dia 2 de outubro o maior ato pelo Fora Bolsonaro do Brasil, abrindo protestos gigantescos no 15 e 20 de novembro. 

Todes às ruas no 2 de outubro!

Vamos sem medo em todo o país pelo impeachment.