Voltar ao site
Voltar ao site

Redes sociais são um problema tão grave como a crise climática

· Comunicação,Sem Fronteiras,Últimos artigos

Segundos os últimos dados, 50% dos usuários, em nível mundial, admitem utilizar as redes sociais para fazer contato com seus familiares e amigos ou para se informar. São mais de 4,3 bilhões de pessoas que utilizam essas plataformas, conectados uma média diária de duas horas e vinte e dois minutos.

Judith del Rio, La Vanguardia, 30 de junho de 2021. A tradução é do Cepat.

Fica claro que as redes sociais reestruturaram a forma como nos comunicamos. Somos capazes de entrar em contado com quem quisermos, compartilhar e visualizar nosso conteúdo preferido ou comprar o que precisarmos em apenas alguns segundos. Descobrimos novos conteúdos, recebemos ofertas de coisas que nem sabíamos que queríamos e, em definitivo, projetamos um novo modelo de vida.

É justamente por isso que alguns especialistas na matéria começam a demonstrar preocupação pela forma como esta nova maneira de nos comunicar está afetando todos os âmbitos de nossa vida, incluindo a saúde mental e as relações pessoais, já que o conteúdo das redes sociais costuma ser de caráter emocional. Isso inclui especialistas biólogos e ecólogos, que alertam que o uso da tecnologia em grande escala estaria afetando a humanidade quase da mesma forma que a mudança climática.

Os cientistas expressaram suas preocupações em um documento publicado na prestigiosa revista científica PNAS, em 6 de junho (Stewardship of global collective behavior), no qual chamam a atenção para a falta de compreensão dos efeitos que as redes sociais e as novas tecnologias têm em nossa sociedade.

Os especialistas escrevem que deveríamos considerar o desastre das redes sociais como uma “disciplina de crise”, semelhante ao problema da mudança climática e seus efeitos na saúde pública. Uma disciplina de crise que requer uma colaboração interdisciplinar urgente para compreender e abordar o problema em todos os níveis.

Apesar de enumerarem algumas coisas boas sobre a colaboração social dispersa que funciona (como a Wikipédia) e o potencial das redes sociais (dar voz a grupos sociais vítimas da discriminação histórica), insistem em manter o alerta sobre as sequelas reais, onde a desinformação e a paranoia ampliadas representam uma séria ameaça em um mundo que já tem muito trabalho no enfrentamento de problemas muito graves como a crise climática, uma pandemia, o racismo e o ódio, a desigualdade, a fome e a ameaça de um possível conflito nuclear.

Os especialistas atribuem à Rede um “comportamento coletivo” semelhante ao dos gafanhotos, cuja praga faz com que devorem tudo o que encontram por onde passam. Uma internet que se apresenta como um sistema sem líder, que também administra a economia global atual, levará a um resultado fatal.

Os especialistas alertam que essa situação é mais grave do que parece. No documento, assinado por nada menos do que 17 especialistas de diferentes disciplinas, liderados por Joe Bak-Coleman, do pós-doutorado do Centro para um Público Informado, da Universidade de Washington, bem como pelo coautor Carl Bergstrom, professor de biologia na mesma universidade, pede-se a colaboração da ciência e que os responsáveis das grandes empresas tecnológicas, como Mark Zuckerberg, parem de tentar controlar a população através de suas empresas, alegando que os modelos comerciais com que trabalham não são compatíveis com uma sociedade saudável.

Além disso, lamentam que a pandemia de coronavírus tenha “aberto caminho” para as empresas de tecnologia, já que são incapazes de frear a informação falsa e os boatos que circulam pela Rede, dificultando o progresso em nível biológico. Por exemplo, não obstruindo todas as informações falsas que há sobre o coronavírus ou a suposta ineficácia das vacinas, que estariam prejudicando a nossa sociedade.

O documento, endossado por especialistas, provavelmente não provocará uma mudança radical instantânea no comportamento das empresas tecnológicas e seus efeitos na sociedade, mas ao menos fica registrada a problemática que estamos sofrendo.

Subscrever
Anterior
100 anos de crises: as três revoluções do PC Chinês
Próximo
Indígenas isolados em risco de extinção com avanço do PL 490
 Voltar ao site
Foto do perfil
Cancelar
Uso de cookies
Usamos cookies para melhorar a experiência de navegação, a segurança e a coleta de dados. Ao aceitar, você concorda com o uso de cookies para publicidade e análise. Você pode alterar suas configurações de cookies a qualquer momento. Saiba mais
Aceitar todos
Configurações
Rejeitar Todos
Configurações de cookies
Cookies Necessários
Esses cookies habilitam funcionalidades essenciais, como segurança, gerenciamento de rede e acessibilidade. Esses cookies não podem ser desligados.
Analytics Cookies
Estes cookies ajudam a entender melhor como os visitantes interagem com nosso site e ajudam a descobrir erros.
Preferências Cookies
Estes cookies permitem que o site se lembre das escolhas que você fez para fornecer funcionalidade e personalização aprimoradas.
Salvar