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Semana de quatro dias, resposta do sindicato IG Metall à crise

Maior sindicato alemão propôs início de negociações para redução do trabalho semanal, para evitar aumento do desemprego.

16 de agosto de 2020

Esquerda.net, 15 de agosto de 2020

Joerg Hofman, dirigente do maior sindicato alemão, o IG Metall, propôs este sábado a abertura de negociações com a vista à redução dos dias trabalhados por semana para quatro. Em entrevista ao diário Sueddeutsche Zeitung, citada pela Reuters, o sindicalista declarou que “a semana de quatro dias… poderia tornar possível manter os empregos na indústria em vez de acabar com eles”.

O IG Metall representa 2,3 milhões de trabalhadores dos setores da indústria metalúrgica e eletrónica. É não apenas o maior sindicato alemão mas também um dos sindicatos mais influentes da Europa. A sua influência não se esgota nos setores que representa, as suas posições têm poder negocial forte face ao governo alemão e influenciam vários outros sindicatos.

A proposta da semana dos quatro dias de trabalho chega numa altura em que este sindicato estima que, só nos setores que abrange, há à volta de 300 mil empregos em risco. A crise gerada da pandemia soma-se à aposta nos carros elétricos que se prevê que acabe com dezenas de milhares de empregos.

Para Hofman, este corte no tempo trabalhado “não deve necessariamente” levar a cortes salariais simétricos. Os trabalhadores não os conseguiriam suportar e as empresas terão mais interesse em cortar em dias de trabalho do que em mandar trabalhadores para lay-off ou despedi-los. Assim, assegurariam a manutenção de uma força de trabalho qualificado e cortariam até custos redundantes.

Hofman apelou ainda à extensão do atual sistema de apoio ao trabalho a tempo reduzido de 21 meses para 24 meses. Neste sistema, o Estado alemão apoia as empresas que podem assim reduzir temporariamente o horário de trabalho. 5,6 milhões de pessoas estão correntemente a trabalhar neste sistema criado como forma de lidar com a pandemia da covid-19.